Anna OliveiraConfira a atividade de Dia dos Pais “Entrevista com o Papai”, elaborada para o 1º ano do Ensino Fundamental, alinhada às habilidades da BNCC, que desenvolvem a oralidade, a escuta atenta, a produção de relatos e o vínculo entre escola, família e cotidiano.
A proposta incentiva os alunos a praticarem a escuta e o registro de informações através de uma atividade lúdica e afetiva: uma entrevista com o pai ou responsável. Por meio de perguntas simples e significativas, as crianças exploram o relato oral de experiências vividas, fortalecem os laços familiares e aprendem a organizar suas falas com início, meio e fim. A atividade promove ainda o uso de recursos visuais, como desenhos e objetos pessoais, para apoiar a construção do discurso e a expressão de sentimentos, valorizando o protagonismo infantil e o reconhecimento das figuras familiares em suas vidas. Além disso, abre espaço para a valorização da diversidade nas configurações familiares, acolhendo diferentes formas de afeto e cuidado.
Essa atividade também contribui para o desenvolvimento da linguagem verbal e não verbal, incentivando o uso consciente da linguagem como forma de comunicação, memória e identidade. Ao compartilhar os relatos em sala, os alunos exercitam a escuta ativa, o respeito às falas dos colegas e a construção coletiva de significados, integrando experiências individuais ao ambiente escolar.
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Apresentação e conversa inicial (em sala de aula):
O professor inicia a atividade com uma roda de conversa, acolhedora e informal, convidando os alunos a falarem espontaneamente sobre seus pais, avôs, padrastos ou qualquer figura com quem convivem e que represente cuidado, carinho e proteção. Nesse momento, o foco não deve ser apenas no “pai biológico”, mas sim em quem desempenha esse papel afetivo na vida da criança, respeitando a diversidade familiar.
Sugestões de perguntas para guiar a conversa:
- Quem é a pessoa que cuida de você e está sempre presente?
- O que você gosta de fazer com o seu pai ou com essa pessoa especial?
- Qual a lembrança mais divertida que você tem com ela?
Esse momento é importante para:
- Promover o acolhimento e a escuta.
- Permitir que as crianças se sintam seguras para compartilhar suas vivências.
- Valorizar diferentes composições familiares de forma natural e respeitosa.
Após esse momento de escuta, o professor introduz o conceito de entrevista, explicando de maneira lúdica e contextualizada:
Explicação sugerida:
"Sabem quando a gente quer saber algo de alguém e faz uma pergunta? Isso é uma entrevista! A gente pergunta, a pessoa responde, e assim aprendemos mais sobre ela. Vamos brincar de fazer isso hoje?"
Para tornar o conceito mais concreto e divertido, o professor realiza uma dramatização ao vivo, de uma entrevista simples, usando um dos seguintes recursos:
- Chamar um aluno voluntário para ser entrevistado.
- Utilizar fantoches ou bonecos para representar o entrevistador e o entrevistado.
- Fazer uma encenação com outro adulto, se possível, para mostrar como funciona uma troca respeitosa de perguntas e respostas.
Exemplos de perguntas usadas na simulação:
- Qual é a sua cor preferida?
- Qual seu desenho favorito?
- O que você mais gosta de fazer com sua família?
- O que você faz quando está feliz?
- Que brincadeira você gosta de fazer no parque?
Dica: Ao final da dramatização, pergunte às crianças o que observaram:
- Quem fez as perguntas?
- Quem respondeu?
- Como o entrevistador ouviu com atenção?
Isso reforça os conceitos de escuta ativa, respeito pela fala do outro e organização da linguagem, todos fundamentos da oralidade que serão colocados em prática na etapa seguinte, quando levarem a entrevista para casa.
Entrega da ficha de entrevista para casa
Após a introdução em sala de aula, cada aluno receberá uma ficha de entrevista personalizada e ilustrada, com perguntas simples e afetivas para serem feitas ao pai, padrasto, avô, tio, irmão mais velho ou qualquer figura que exerça um papel de cuidado e carinho em sua vida.
O objetivo dessa etapa é fortalecer os laços familiares por meio do diálogo, além de desenvolver nos alunos habilidades de escuta, memória e relato. A criança assume o papel de entrevistadora e se envolve em uma experiência significativa de linguagem no contexto familiar.
Orientações ao professor:
- Explique claramente às crianças o que devem fazer em casa: fazer as perguntas com atenção, ouvir a resposta do adulto e depois registrar (escrevendo com a ajuda de um responsável ou fazendo um desenho).
- Enfatize que não importa se o pai biológico não está presente. A entrevista pode ser feita com qualquer pessoa que represente carinho e cuidado. Isso reforça a inclusão e o respeito às diferentes configurações familiares.
- Envie a ficha com um bilhete explicativo aos responsáveis, para garantir que compreendam a proposta e saibam como apoiar a criança, sem “responder por ela”, mas auxiliando na escrita ou organização da resposta.
Modelo da ficha de entrevista:
1. Qual é a sua comida favorita?
2. O que você mais gosta de fazer comigo?
3. Qual foi um momento divertido que você lembra de nós dois juntos?
4. Quando você era criança, do que mais gostava de brincar?
5. Que conselho você gostaria de me dar para a vida?
6. Qual é sua cor preferida?
7. O que você sente quando estamos juntos?
8. Qual música ou cantor você mais gosta de ouvir?
9. Qual lugar você gostaria de visitar comigo um dia?
10. Agora desenhe você com essa pessoa especial fazendo algo que gostam de fazer juntos!
(Espaço em branco para desenho)
Diferenciação para alunos com diferentes níveis de escrita:
- Para alunos que ainda não escrevem com autonomia, o professor pode sugerir que o desenho seja o registro principal.
- Já para os que estão em processo inicial de alfabetização, é possível ditar a resposta para um familiar escrever, ou a criança pode tentar escrever com apoio silábico.
Momento de compartilhamento (oralidade)
Na volta à escola, os alunos participam de uma roda de conversa coletiva, na qual cada criança terá a oportunidade de compartilhar as respostas que obteve durante a entrevista com seu pai ou responsável. Esse momento tem grande valor pedagógico, pois:
- Estimula o desenvolvimento da oralidade estruturada, com apoio da mediação do professor.
- Valoriza a escuta ativa entre os colegas.
- Permite que a criança se expresse a partir de uma vivência concreta e afetiva.
- Integra a experiência familiar ao ambiente escolar.
Como o professor pode conduzir:
- Cria um ambiente tranquilo e acolhedor, onde todos se sintam à vontade para falar.
- Incentiva o uso de frases completas, auxiliando os alunos a organizarem a fala com início, meio e fim.
- Pode usar modelos de frases na lousa, para que os alunos se apoiem na estrutura e ganhem segurança:
“Meu pai gosta de comer ______.”
“Ele disse que adora quando a gente ______ juntos.”
“A comida favorita dele é ______.”
“Quando ele era pequeno, gostava de ______.”
Dica: Para alunos mais tímidos ou com dificuldades de fala, o professor pode sugerir que eles mostrem apenas o desenho e façam uma breve explicação, ou até que o professor leia as respostas por eles.
Registro em sala (apoio visual)
Após a roda de conversa, cada aluno irá realizar um registro visual da sua entrevista. O desenho tem a função de representar visualmente o conteúdo oral compartilhado, reforçando a relação entre linguagem verbal e não verbal — ponto importante da alfabetização.
O que pode ser desenhado:
- A atividade que mais gostam de fazer juntos (ex: andar de bicicleta, jogar bola, cozinhar).
- A comida favorita do pai (ex: prato preferido, mesa de refeição em família).
- Uma lembrança feliz entre os dois.
Materiais sugeridos:
- Lápis de cor, giz de cera ou tinta guache.
- Papel A4 ou cartolina dobrada para fazer tipo “cartão”.
Dica de mediação:
O professor pode circular entre os alunos, incentivando-os a “contar a história do desenho” enquanto produzem, reforçando os vínculos entre oralidade, memória e expressão visual.
Sugestão final:
Montar um mural coletivo com os desenhos e frases ditadas pelas crianças, como:
“Meu pai gosta de lasanha. Ele também gosta de andar de skate comigo. - Pedro”
“Meu vô gosta de ver filmes comigo. A gente sempre come pipoca. - Isadora”
Esse mural pode ser exposto no corredor da escola ou enviado em registro digital para as famílias, valorizando a participação e a integração entre escola e casa.
Ampliação da Atividade (opcional)
- Criar um "Livro das Entrevistas" da turma, encadernando os desenhos e falas dos alunos.
- Realizar uma roda de leitura compartilhada com as famílias convidadas.
- Gravar vídeos curtos com as crianças contando as respostas e montar uma apresentação.
Objetivos da atividade de Dia dos Pais com entrevista
- Desenvolver a oralidade.
- Estimular a organização da fala.
- Estreitar vínculos familiares.
- Valorizar diferentes configurações familiares.
- Promover a escuta ativa entre os colegas.
- Relacionar linguagem verbal e não verbal.
- Estimular a expressão criativa e afetiva.
- Incentivar o relato de experiências vividas.
- Favorecer o uso de frases completas com apoio do professor.
- Apoiar a alfabetização inicial com experiências significativas.
| Habilidades trabalhadas na atividade de dia dos pais com entrevista | Descrição completa |
|---|---|
| EF01LP02 | Relatar, com ajuda de professor ou de colegas mais experientes, fatos e informações sobre si e sobre seu cotidiano, de maneira compreensível, com começo, meio e fim. |
| EF01LP04 | Relatar, com ajuda do professor, experiências vividas e informações obtidas por meio de observação direta, de maneira compreensível, com apoio em imagens, objetos e registros pessoais (desenhos, fotos, bilhetes etc.). |
